O MAIOR PRESENTE




  Todo este tempo sem escrever,acho que perdi o costume.
  O que postar?O que seria algo de utilidade pública?  A inspiração acabou?     Haveria algo mais útil ou menos útil para compartilhar?
 Bem,decidi então atualizar os fatos.Para quem escrevia semanalmente e não escreve há seis meses,muita coisa aconteceu.
 Em agosto passado,acabei parando de escrever em um momento em que quase perdi o meu pai.Dias difíceis eu passei.Como já disse em postagens anteriores estar do outro lado,ou seja ser paciente ou familiar de paciente é mais difícil que ser médico e ser médico nestas horas é terrível.Acho que a ciência muitas vezes bate de frente com a fé.A gente entende um pouquinho melhor o que está acontecendo e pior,o que pode acontecer.
 O meu pai teve um ''Ataque isquêmico transitório'',traduzindo:um derrame cerebral não permanente que ,graças a Deus não deixou sequelas.
 Ver o meu pai rebaixando consciência,não nos reconhecer,ficar confuso,ser transferido para uma UTI de ambulância (meus amigos tão queridos do SAMU atuaram de forma tão brilhante!!!),vê-lo entrar na UTI e passar a noite com tantos aparelhos monitorizando,família unida e tensa...ufa...muito angustiante.
 Papai permaneceu internado por quase duas semanas. Durante seu período de internação,meu aniversário.Início de setembro.
 O motivo que levou o meu pai ter a isquemia em seu cérebro(parada do fluxo de sangue),foi uma alteração em seu ritmo cardíaco que levou à formação de um pequeno coágulo e esta foi deslocado até o sistema nervoso central levando então a todo o quadro que ele apresentou.
 Papai ainda internado,quando no dia exato do meu aniversário alguém da minha família me liga dizendo que o papai deveria ser ser submetido a uma cardioversão elétrica(procedimento no qual com um choque, o coração pára de bater e depois volta.O objetivo é fazê-lo voltar ao ritmo normal) e que esta decisão de realizar ou não o procedimento seria dos familiares.Eu então como médica deveria dar a minha opinião!!!
 Decisão fácil,né?Se desse certo,ótimo.Se desse errado...
 Era simplesmente a vida do eu pai em jogo.
 Bem,chamei um amigo meu cardiologista infantil (Obrigada Luís...amigo do coração,literalmente) o qual foi gentilmente comigo ao hospital avaliou o o meu pai,seus exames dando a sua opinião.
 O procedimento,enfim não foi necessário naquele exato momento mas tive o aniversário mais difícil da minha vida.Fiquei tão sensibilizada que cada um que chegava para me abraçar e dar parabéns era surpreendido com as minhas lágrimas.
 Bolo?Ah,sim.Um dia antes do meu aniversário,segunda-feira 05 de setembro de 2011,duas amigas queridas do SAMU fizeram uma surpresa no meu plantão com chocolates,presente e bolo.Soprei a velinha um dia antes.Dizem que dá azar.Não acredito!Foi um momento tão emocionante...algo simples mas de coração.(agradeço a Rê e a Érica do fundo do meu coração) e sabe,não deu azar algum,garanto.
 Voltando ao dia 06,data do aniversário propriamente dito,passei boa parte do dia no hospital.Parte no hospital onde meu pai estava internado e parte onde trabalho.À  noite,dentre muitos telefonemas recebi a ligação da minha "amigairmã" Gi .Eu estava sozinha em casa com a Rafaela e com o Poko (nosso gato).Desabafei um pouco com a Gi que também estava com sua mamãe doente.A Gi é um exemplo de coragem e determinação e ela me incentivou a pegar um bolinho e cantar parabéns ainda que fosse apenas eu e meus dois companheiros (o Wel estava no consultório trabalhando ainda).Ouvi seu conselho:peguei uma pequena vela, um bolo tipo "Ana Maria",acendi e cantamos parabéns eu e a Rafaela que ao final da famosa música me perguntou:"Mamãe,por que o Pipoko não cantou?Eu não ouvi ele cantar!".rsrs.No fundo,dois ótimos companheiros para uma aniversariante triste.
 Foi uma experiência nova,difícil mas com aprendizado.Dois bolos fora do habitual:um no plantão, um dia antes e outro minúsculo e improvisado.
A programação da Rafaela era que o meu aniversário este ano seria das princesas.Isso mesmo,ela já tinha escolhido o tema e eu havia comprado enfeites.Dá para acreditar???Assumo,eu gosto.Os enfeites estão guardados,fica para a próxima sem problemas.Às vezes fazemos planos mas Deus permite que os planos mudem.Mas o meu MAIOR PRESENTE  dá para imaginar qual foi?
Foi passar mais um ano com o meu papai.Ele teve alta uma semana depois,sem sequelas mas com algumas pequenas restrições. Deus nos concedeu a graça de  o termos ao nosso lado ainda por mais tempo.Isso valeu mais que muitas festividades.






Saber mais sobre A.V.C.:
*http://www.cadastro.abneuro.org/site/publico_avc.asp
*http://www.einstein.br/Hospital/neurologia/tudo-sobre-avc/Paginas/tudo-sobre-avc.aspx
*http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/tabagismo/avc-acidente-vascular-cerebral/
*http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?6

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