PEDIATRA NA MINHA CASA

    Incrível como é difícil dizer o que sentimos...    Por vezes somos culpados de tantas coisas das quais não temos realmente culpa,ou desabam "caminhões de lixo sentimentais" sobre as nossas vidas que muitas vezes acatamos,engolimos verdadeiros "brejos" sem necessidade.   Certa vez ouvi uma frase e acho válida e aplicável que "É melhor ser feliz do que ter razão!"E é verdade!Quantas vezes entramos em discussões inúteis e desnecessárias onde ambas as partes têm sua razão e devido a isso,chega-se a lugar nenhum.    Inúmeras vezes em minha existência já vivi os dois lados.Já entrei em discussões idiotas e também outras vezes abri mão da razão para não entrar numa briga.Confesso que ainda não achei o equilíbrio e tenho mais aberto mão da razão para não brigar.O grande problema mora no fato de que quando as pessoas percebem isso,começam a abusar e é por isso que tenho tentado achar a tênue linha que separa uma atitude da outra.Mas de fato sempre o at

     Quantas vezes penso e percebo o quanto eu queria ter a mente de uma criança...acreditar que o impossível pode ser possível...acreditar que alguém vestido de princesa ,é de fato princesa;que um grande camundongo falante mora em um parque onde há um castelo azul cuja proprietária é uma princesa que anda de vestido azul e há outro castelo que pertence a uma fera que se torna príncipe após começar a "enxergar o interior das pessoas" ,aprender amar e ser amado e casa-se com uma princesa de lindo vestido amarelo,outrora uma camponesa que amava livros...   Acreditar que uma princesa coroada rainha tem o grande "poder do gelo"...podendo transformar em gelo tudo ao seu redor e construir seu próprio castelo...e por aí vai.Bom demais ser criança.  Quando percebemos que a idade adulta chega,e junto a isso as obrigações e responsabilidades,o Mickey passa a não ser o mesmo,as princesas passam a ser pessoas vestidas de princesas, mulheres como nós.Pior ainda quando d

   Sou avessa a despedidas...mas não poderia deixar passar batido estes quase dez anos que fiz parte do SAMU de Santo André.Fiz muitos amigos,aprendi muuuuuuuita coisa,vivi experiencias sem igual.Entrei na realidade das pessoas,em seus lares compartilhando desde momentos felizes como nascimento de bebês como momentos extremamente tristes onde tive que chegar para muitas famílias e dizer a temida frase:"Nós tentamos,fizemos mas seu familiar não resistiu!".Vivi momentos muito engraçados,até bizarros que quem está lendo e viveu comigo certamente lembrará.Passei medo,vivi muita adrenalina,vi e ouvi situações diversas,na rua e na Central de Regulação.Quem escolhe trabalhar numa área como esta precisa ter um coração inclinado a ajudar o próximo,a se compadecer da dor do outro,precisa sempre ter uma palavra positiva e um abraço "incubado"dentro de si.É necessário AMAR!! ! Por isso,sei que tudo tem seu tempo determinado,nossa vida é feita de ciclos e meu tempo agora está

        Outro dia tivemos uma situação engraçada aqui em casa...menina quando brinca de casinha sempre quer ser a mãe,pelo menos é o que eu vejo quando presencio as amiguinhas da Rafaela brincando e também é o que me contou a professora da escola: se brincam de "Frozen"(Animação da Disney que levou o "Oscar" este ano) e se brincam de casinha querem ser a mãe. Não sabem ainda que ser mãe é muito bom,mas que também é uma tarefa nada fácil.   Assim, brincando um dia com Rafaela,minha filha de 05 anos,ela propôs que trocássemos de lugar,tipo como naquele filma do Tony Ramos e Glória Pires"Se eu fosse você!" Começamos a brincar e ela achou o máximo me imitar dando ordens,falando coisas que eu falo,etc.A brincadeira porém começou a perder a graça quando eu comecei a imitá-la."Mãe,eu quero isso,mãe,quero aquilo.etc,etc...Fomos tomar banho:"Mããããããããe!!!!Entrou água no meu olho!!!Socorro,toalha,enxuga...Ai tá ardendo!!!"Mããããããããeeeeeeeeee

   Por que este blog onde costumo falar coisas de mãe,de mulher, de pediatria ou falo sobre pacientes e minhas experiências médicas ou não médicas vem trazendo hoje um assunto tão ruim?   Simples...pois se falo do dia a dia aqui e a violência está tão comum e tão perto não é tão absurdo falar sobre isso.   Há duas semanas, minha família estava voltando de São Paulo,e no carro estavam minha irmã com o namorado, meus pais e minha filha.Voltavam felizes após ter visitado a bebê mais nova da nossa família que acabara de nascer, quando presenciaram dois carros ao seu redor serem saqueados durante um congestionamento por quatro meliantes,dois em cada moto.   Fiquei sabendo do ocorrido ao buscar a minha filha quando eles chegaram e deparei-me com a cara de espanto de cada um que nem sei como descrever...Todos pálidos,assustados,perplexos!   Meus pais já não queriam mais sair de casa antes disso,após isso piorou.Minha filha que refere ter visto os ladrões de costas anda assustada nas

Como as crianças às vezes nos fazem sentir tão importantes... Voltando da escola hoje com a Rafaela,caminhando num fim de tarde gostoso,passamos como habitualmente em frente a uma casa onde moram cinco cachorros.Todas as vezes que passamos,a Rafaela quer atravessar a rua para não se assustar com os latidos.Para evitar sustos,observamos os cães sempre do outro lado da rua.Hoje de forma um pouco diferente,senti-me como que um super herói,ou super heroína melhor dizendo...pois quando segurei em sua mãozinha para atravessarmos a rua,ouvi da Rafaela:"Mãe,eu tô com você!!!"num tom em que queria dizer:"Estou segura!!!"    Puxa...quem sou eu?Uma simples mãe que faria tudo por sua filha mas que em si mesma não tem poder algum.Mas confesso que senti-me importante...senti-me tão responsável por zelar pela segurança naquele curto momento ao mesmo tempo em que tão vulnerável.Assim são os super heróis atuais,limitados.Quem pode ser super herói em dias tão violentos e d

   Todos os anos temos um imenso prazer em realizar as festas de aniversário da minha filha Rafaela.Toda esta nossa alegria ocorre por vários motivos.Primeiro por ela ser muito querida e ter sido tão desejada.Segundo porque ela adora festas e terceiro,porque eu sou muito festeira e fui acostumada com isso por minha mãe e minhas irmãs que sempre fizeram minhas festas com tanto carinho e capricho.E o mais legal é que ela começa a curtir um ano antes.Mal termina uma festa,ela escolhe (ou melhor,escolhemos juntos) o tema do próximo ano e aí vai um ano todo pensando na próxima festa...e ela segue sem mudar o tema até o final.Curte cada detalhe,cada aquisição para a decoração,etc.    Não foi diferente este ano com o tema da "Valente"ou princesa Merida-primeira princesa dos estúdios da "Pixar" caracterizada por uma arqueira medieval de personalidade forte,que a princípio apresenta-se rebelde mas que aprende muito com seus erros,o que faz dela uma guerreira vencedora.  

      Recentemente venho redescobrindo coisas na vida que por serem tão simples deixamos de lado.Uma delas é o fato de deixar, quando possível o carro em casa e fazer algumas coisas a pé.Tenho conseguido isso após ter decidido mudar a minha filha para uma escola bem próximo de casa,na qual podemos levá-la e buscá-la a pé.Eu havia esquecido o prazer de caminhar descompromissadamente pelo bairro.Incrível como perdemos belos detalhes quando andamos de carro,em especial se estivermos distraídos ou se estivermos dirigindo.e isso faz-me lembrar da minha infância.Meus pais sempre dirigiram mas por muitos anos,quando eu frequentava uma escola perto de nossa casa,eu era conduzida à escola por minha irmã e era um "momento delícia" no qual íamos cantando,conversando observando tudo...de tão bom que era eu não mais esqueci.  Andar tranquilamente nos faz observar tudo o que há nas imediações.Quantos tipos de flores diferentes que eu nem imaginava haver na minha rua...espécies de pás

"A memória é o escriba da alma" Aristóteles      Pensando sobre a minha vida e sobre o meu blog estes dias comecei a questionar se haveriam coisas realmente dignas de ser compartilhadas,escritas...          Lembrei então que existem blogs sobre tudo,exatamente tudo.Coisas muito úteis,outras nem tanto.        Comecei a lembrar que minha vida não é nada entediante e que tenho histórias para contar todos os dias.Entendi que tudo depende de como se enxerga a vida.         Certa vez,viajando por uma bela península no sul da Bahia,a península de Maraú,conheci um rapaz cujo trabalho consistia apenas em atravessar uma pequena lagoa indo e vindo o dia todo levando turistas em sua jangada para um lado e para outro.Sua paisagem era a mesma todos os dias,nada parecia mudar.Perguntei-lhe certo dia como eu faria para chegar à cidade mais próxima e para meu espanto,sua resposta fora:"Sei não!!!"Uma vida aparentemente pacata,sem graça e sem novidades.Não sei se ele s