PEDIATRA NA MINHA CASA

   Continuando,após ela ser avaliada pelo pediatra e nada ser encontrado que pudesse estar causando a febre,optamos por colher exames: de sangue e urina.No mesmo dia,o resultado do hemograma(sangue) apresentou-se compatível com uma infecção...onde seria?????Que difícil esperar algo se manifestar.Como um pediatra de bom senso,meu colega fez exatamente o que eu faria,solicitou à ansiosa mãe que esperasse apenas usando medicamento para o único sintoma vigente:a febre.Fui paciente!!!Consegui me conter e seguir sua orientação,mas confesso que eu queria que algo aparecesse para cessar de vez o dilema.(algo simples,claro)   No terceiro dia de febre,apareceram os sintomas de uma infecção intestinal.Simples e viral.Durou 5 dias não necessitando de antibiótico,como qualquer infecção viral,auto limitada e minha criança já estava logo brincando,pulando,sorrindo para alegria da mãe e de todos.Inclusive do colega pediatra, que sempre fica mais ansioso quando o paciente é filho de colega(e ainda ami

   Normalmente uma febre é classificada como indeterminada a partir de um certo número de dias (8 dias),em que não se encontra a causa.Para o pediatra,este tipo de febre é algo desconfortável e para a mãe,pior ainda pois toda mãe quer saber,com razão, o porquê de sua criança estar com a temperatura acima do normal.   Para uma mãe pediatra,a cobrança é ainda maior.Cobrança de familiares e ainda a auto cobrança ,sendo esta a pior.A febre de poucos dias às vezes é apenas a manifestação inicial de algo que está começando,sem outros sintomas associados aparentes   Há uns 4 meses,a Rafaela  teve um episódio de  febre sem foco de infecção aparente.Incrível como criança "cai" de uma hora para outra.Passou o domingo em uma festinha brincando,rindo e chegando em casa de repente começou a ficar quietinha.Quando a encostei em meu rosto percebi estar quente.Ao termômetro,quase 39 graus!!!Decidi examinar...nada.Passei uma noite difícil,olhando-a a noite toda.Inúmeras vezes avaliei sua pel

     Aos poucos as coisas foram se encaixando,tudo foi aparentemente voltando ao normal,parecendo uma grande calmaria após a tempestade.A Rafaela completou 3 meses.As cólicas cessaram,ela começou a espaçar os horários das mamadas,comecei a dormir mais e tudo ficou bem mais tranquilo.Até que aos 3 meses e meio ela começou a apresentar um quadro de diarréia.No início com episódios discretos que começaram a se intensificar com o passar dos dias.Por definição,uma diarréia é considerada aguda se durar até 14 dias.Descobri,porém que quando o paciente está sob nossos cuidados 14 dias é uma eternidade.No segundo dia de diarréia,com episódios frequentes,ela começou a ficar com assaduras importantes,o que nos levou a passar a dar banho após cada evacuação,inclusive na madrugada...e eram vários episódios durante a madrugada,o que acarretava vários banhos nesse período.       Essa foi uma das vezes que meu"faro"de médica ajudou bastante(acho que o de mãe também),quando a diarréia começo

   As cólicas do lactente,são algo angustiante para a criança,mas principalmente para as mães e para os que estão ao redor.Normalmente elas começam com aproximadamente 15 dias de vida e persistem até uns 3 meses.Começam espontaneamente ,pegam de surpresa,acontecem mais no fim da tarde e à noite.São caracterizadas por choro inconsolável ,sem causa aparente.Podem durar até 3 horas por dia.A boa notícia é que ela é transitória,não tem risco de mortalidade ou de causar perda de peso ou outros danos.Atinge qualquer bebê,independente de classe social,sexo,tipo de parto,antecedentes pré-natais,peso ao nascer,idade dos pais,etc.   Não se sabem bem as causas da cólica do lactente mas existem hipóteses que seja causada por imaturidade do trato gastrointestinal ,alergia alimentar,intolerância à lactose,má absorção ou refluxo gastro esofágico.   A ansiedade dos pais nada resolve e pode piorar a situação.Existem algumas medidas a serem tomadas como a massagem na barriga,posicionar o bebê em posiç

             Esta ideia foi crescendo principalmente a cada vez em que a Rafaela chorava à noite aparentemente sem motivo,muitas vezes apenas por uma erupção dentária, ou quando tinha uma febre  e percebi  a comodidade de eu mesma poder resolver inúmeras situações em casa,sem tirá-la de seu aconchego para procurar ajuda.         Eventualmente,passo a Rafaela com um colega em quem confio muito, para acompanhamento rotineiro,vacinas, para avaliar seu peso e sua estatura,ainda que eu saiba que tudo está indo bem.        Vejo um pouquinho dela em muitos paciente que passam por mim e também um pouco de mim em muitas mães e vice-versa.A nova realidade tem me ajudado bastante na forma de enxergar os diferentes tipos de mães e as diferentes formas como elas encaram a maternidade,suas dificuldades,seus anseios e suas dúvidas e isso faz parte da arte da Medici na:colocar-se no lugar do paciente.       Enxergar a Rafaela como paciente nem sempre é fácil,pois o emocional às vezes fala muito alt

             No quinto dia em casa,após 4 dias de dificuldade com a amamentação e com muito,mas muito sono,passei uma manhã toda tentando fazer a Rafaela mamar.Ao todo ela ficou 4 horas no peito entre succiona,mama,dorme,cutuco seu pé,acorda,mama novamente por dois segundos,dorme,abre a boca,procura o peito e dorme...Foi quando quase enlouqueci e telefonei para um colega(e amigo) chorando sem parar.Ele riu no telefone e fiquei brava,depois entendi que ele é pai e compreendeu exatamente o que eu estava passando:assistira o "o mesmo filme" em sua casa ao vivo e a cores alguns anos antes.         Passaram-se alguns minutos e ele apareceu em casa.Sentou-se comigo e com meu marido no quarto da Rafaela e deu uma aula sobre aleitamento materno,bebê,mãe,pai e família,além de ter avaliado clinicamente a Rafaela.Lembrou-nos de tudo o que tínhamos passado para chegar até lá e de como éramos vencedores e que as novas dificuldades certamente seriam vencidas.Sua visita nos acalmou sobrema

             E o primeiro banho?Ah, pediatra tem que saber!Sabia sim,explicar!Mas quando você vê aquele pequeno ser com menos de 3 kilos literalmente nas suas mãos em meio a uma "imensa" banheirinha de água,parece que está diante de uma piscina olímpica e você é o salva-vidas responsável.         E para lembrar todos os passos?Nada como ter filmado o primeiro banho na maternidade,baixado o filme no computador e levar o notebook para o banheiro e assim assistir e executar:que exagero!!!È exagero mas salvou a pátria.Foi só no primeiro dia,pois no segundo dia,a então babá da Rafaela com toda destreza de mãe,colocou-a na banheirinha deu um rápido e eficaz banho,sem todos aqueles detalhes da maternidade,que também funcionou.

             Continuando,cheguei com a Rafaela e com meu marido da maternidade em casa num domingo.A casa encheu de gente para ajudar.Mamãe trouxe almoço e a sogra também e comer um pouco do que cada uma trouxe fez parte do roteiro e todos ficaram felizes.Vieram  também meu pai,meu sogro,minha irmã,meu cunhado que ajudaram bastante,mas gerenciar essa nova realidade começou a ficar complicado:a Rafaela, nosso gato de oito anos que nunca vira um bebê antes ,telefones tocando,arrumar o quarto,colocar o kit berço(obs:Rafaela nasceu um pouco antes do previsto e o quarto estava quase pronto),e o sono...quem é que dorme em sua estadia na maternidade?O dia todo visitas,presentes,flores e chocolates,que delícia!!!À noite,porém, bate um cansaço absurdo...entretanto,há medicações a serem administradas,há o bebê que chorou no berçário e tem que mamar(infelizmente eles não mamam sozinhos como cães, gatos e outros mamíferos que admiramos nos documentários da "Nat Geo" e da "Discovery&

             Aí o bebê chegou em casa e é claro que eu,especializada em pediatria, e já com alguns anos de experiência com crianças,tiraria de letra o fato de cuidar de um bebê recém-nascido,ÓBVIO,NÃO?         E a resposta é não!!! Não tirei de letra.         Na primeira semana parecia que toda teoria que eu sabia fugia da minha mente.Descobri que era bem mais fácil sentar-me atrás de uma mesa e orientar mães e pais o que fazer em casa,então eles iam embora da consulta e eu nem imaginava o que acontecia fora de lá:noites sem dormir,dificuldade em amamentar,o dilema da chupeta,o banho,as fraldas,o umbigo,brotoejas,etc,etc,etc....humpf.          Todo conselho, palpite e opinião de quem já foi mãe era muito bem vindo;mãe,sogra,irmã,amigas,babá...As pessoas me davam conselhos e em seguida falavam:"nossa,estou ensinando uma pediatra....é como ensinar o:"Pai nosso ao padre"!!!Não,definitivamente digo que não é! Aquela caixinha de surpresas humana que trazemos para casa,não

    Àquela altura da minha vida,após tantas idas e vindas ao hospital com perdas,exames,cirurgias intra-útero,etc ,a família já estava mais do que envolvida em minha história.Todos estavam extremamente ansiosos com a chegada da Rafaela.   Quando fui para a maternidade,a família toda foi avisada e deslocaram-se um a um à Maternidade.   Após realizada a cesárea,fui para a R.P.A.(recuperação pós anestésica) e tamanha era a minha ansiedade que enquanto uma paciente ao meu lado roncava sem parar após a anestesia,eu não preguei o olho.Não via a hora de ir para o quarto ver novamente meu bebê.   E a família toda lá,alguns já vendo a Rafaelinha no berçário recebendo os primeiros cuidados.   Quando cheguei ao quarto,desta vez sã e salva,a família toda transbordou de alegria.Posso me considerar privilegiada,pois tenho uma família linda e presente,tanto do meu lado como do lado do Welson,que nos acompanhou no choro e no riso.   Eles choravam de alegria ao me ver chegar bem ao quarto.   Os m

  " O CHORO PODE DURAR UMA NOITE,MAS A ALEGRIA VEM PELA MANHÃ"                                                                                      Salmo 30:5              Descer o e levador da maternidade acompanhada pelo Welson,a auxiliar de enfermagem e a Rafaela em meus braços foi um momento glorioso.A cada passo que eu dava para fora do hospital,era mais um passo em direção à minha vitória,ao novo tempo que eu teria pela frente.   Eu já havia passado várias vezes pela (triste) situação de deixar a maternidade apenas carregando minhas malas e mais um pouco de frustração no histórico.Observava as mães saindo felizes com seus bebês,suas flores e abaixava a cabeça para não sentir inveja.   Fora o que acontecera das outras vezes dentro da maternidade.Não sei  por que colocam pacientes que sofreram um abortamento em quartos ao lado de pacientes que tiveram bebês.Quartos às vezes,em frente ao berçário com os bebês mais fofos do mundo sendo seus vizinhos de frente,chorando

   O dia 15 de janeiro de 2009,foi o dia mais feliz da minha vida!!!   Acordei pela manhã com uma sensação estranha,levantei e notei uma perda  de  líquido claro.Dei um pulo,chamando o Welson exclamando"A minha bolsa rompeu!"Claro que ele pulou da cama assustadíssimo.Liguei para meu obstetra,também para um amigo e perdi a noção das perguntas que fazer, de forma que perguntei a ele se deveria colocar vestido ou calça.Dá pra acreditar que fiz este tipo de pergunta???Ele passou o telefone para sua esposa que calmamente me orientou.Fomos então para a Maternidade e a proximidade nessa hora contou muito.   Chegando lá, as coisas correram bem rápido.Fiz uma Cardiotocografia e logo fui para o Centro Obstétrico e em pouco tempo eu já segurava em meus braços aquela que mudaria para sempre a minha vida.Linda,macia e quentinha.Foi a recompensa de tudo o que aconteceu.Valeu a pena.Parece que toda a dor sentida,toda preocupação,todo medo foi embora em questão de segundos. Simplesmente um

   Próximo ao Natal,próximo a receber meu maior presente!!!  O quarto da Rafaela quase pronto.Hesitei muito em permitir o Welson  prosseguir com as compras,pois sempre aparecia o medo de as coisas não darem certo de novo e o que faríamos com tudo após montar o quarto?O que fazer com carrinho,bebê conforto,etc? Mas uma hora o quarto teria de ser montado então crendo acima de tudo na Promessa de Deus,mandamos ver.E ficou lindo!!!Eu olhava para aquele quarto com a mobília branquinha,bichinhos,cortina,cadeira de amamentação e fazia como se eu pudesse determinar algo para Deus,dizendo:"Por favor Senhor,agora não volte atrás!"(Quão pequenos somos, né?) E assim foi...chegou o Natal,arrisquei passar na casa do meu irmão.Muito bom,tratada como princesa devido ao repouso.Muitas fotos,abraços,presentes para a minha bebê,momentos em família,não tem preço. E a barriga crescendo.   O Ano Novo foi igualmente bom.Todos viajaram e passamos sozinhos eu,o Welson,nosso gato Poko e a pequena

   A hora de escolher a maternidade é um momento bem especial e devemos levar em conta vários fatores dentre eles as condições da maternidade,centro obstétrico,do berçário, deve ter a retaguarda de uma UTI não apenas para adultos como também neonatal(para bebês).Ainda a equipe profissional,a familiaridade de seu obstetra com a maternidade,as condições dos quarto,limpeza geral,o que oferece no "pacote",onde o seu convênio dá cobertura e também a proximidade de sua casa.  Esta também foi uma fase da qual não participei.O Welson(marido)foi sozinho escolher a maternidade e dentro destes ítens todos,optamos pela maternidade do Hospital São Luís do Anália Franco.O resultado foi bastante satisfatório,exceto o serviço de copa que deixou a desejar.

   Continuando,decidi então usar o carrinho de deficiente da loja e percebi quão difícil deve ser a rotina dessas pessoas.Só sentindo na pele é que sabemos a dor de cada um.As pessoas olhavam diferente para mim,como se dissessem "Nossa...é deficiente e está grávida!!!"Como se isso fosse um problema.Entendo que pessoas deficientes devem ser cada vez mais incluídas e tratadas com amor e respeito.Percebi que as pessoas fingiam ver coisas nas prateleiras próximas de onde eu estava e comentavam sobre mim.Não era impressão,não,era real!!!   Mas foi uma experiência que só acrescentou e ainda por cima consegui escolher a cor da tinta e um lindo papel de parede xadrezinho lilás.   

     A internet foi uma grande aliada na hora da escolha dos móveis,do enxoval,das lembrancinhas,do enfeite de porta,etc.   Para uma futura mamãe,não poder sair para fazer compras escolher as coisas do bebê,é muito ruim,mas a internet é de extrema ajuda nessas horas.O Welson(meu marido) saía procurava as coisas e quando se interessava por algo,me passava o "site",eu via e aprovava ou não.Que bom ter a tecnologia a nosso serviço!!!   Para ele foi estranho e às vezes até constrangedor comprar algumas coisas,como sutiã de amamentação,cinta,dentre outras coisas muito femininas sozinho,mas deu tudo certo,enfim.   Uma vez,porém,participei da compra e foi uma situação bem inusitada.Liguei numa grande loja de departamento explicando minha situação e disse que gostaria muito de ir pessoalmente escolher a cor da tinta que pintaria o quarto da Rafaela.Combinamos então que eu usaria o carrinho de deficiente físico da loja.

   Não bastasse tudo o que já descrevi como as dores diárias,sangramentos (agora já esporádicos) desenvolvi Rinite da Gestante.Muitos espirros,prurido nasal,coriza.Iniciei o uso de corticosteróide nasal com melhora.Algumas noites acordando assustada após pesadelos...Ah,mas falta pouco,eu acho.   Se fui escolhida para ser habitação temporária de uma adoradora que Deus está trazendo ao mundo,eis-me aqui.Que ela permaneça dentro de mim o tempo que for necessário.Aguento calada todos os sintomas.Enfrento o que precisar.Eu sei quem luta por mim.

   Com aproximadamente 27 semanas comecei a me sentir "bem grávida".Já vivera antes uma gestação nessa fase(a primeira chegou a 28 semanas)e é uma fase boa da gestação.Com o ganho de apenas 4 kg,mas uma barriga já bem saliente,um bebê com muitos movimentos,o corpo mudando a cada dia,batimentos cardíacos mais fortes a gravidez foi ficando cada vez mais real.Claro que não existe mais grávida,menos grávida ou meio grávida mas os sensações vão mudando a cada dia.Os sentimentos vão ficando mais fortes e quando damos conta amamos alguém que nunca vimos de fato.Sentimos saudades do dia do Ultrassom quando vimos aquele rostinho,aquelas mãozinhas,aqueles pezinhos.Penso:"Este coraçãozinho precisa continuar batendo!Por favor Deus,mantenha-o vivo!!!" Cantava uma música de Rachel Novaes referente ao Salmo 95:4 que diz: "Nas Suas mãos estão as profundezas da Terra e as alturas do montes, Dele é o céu e o mar com Suas mãos Ele os fez com poder, Ele os fez" E posso acr

   A gravidez enfim,começou a progredir com pequenos sangramentos e cólicas frequentes.Na 24ª semana ocorreu mais um sangramento razoável que me levou a correr novamente.Dessa vez nada de P.S.,liguei para meu médico que enviou o pedido de Ultrassom via fax e este mostrou estar tudo bem.Provavelmente a Rafaela fez um movimento brusco virando de posição pélvica para cefálica o que levou ao sangramento,mas a placenta estava "coladinha"!!!   Lá estava ela com aproximadamente 640 gramas.Impossível não se apaixonar!   Percebi que absolutamente nada que eu fizesse poderia acelerar o tempo... minha ansiedade não acrescentaria um grama em seu peso nem aceleraria sua maturidade.Não mudaria o quanto de proteínas,de cálcio ou de carboidrato chegaria à sua circulação via cordão umbelical.Então me rendi,e descansei.

   Enfim,a cirurgia!!!   Enxergar o teto do hospital é uma situação bizarra principalmente para um médico.Ser empurrado por alguém em uma maca nos deixa em uma situação muito vulnerável.A cirurgia começou e só pude tomar uma Raquianestesia,nada de sedativos pois é contraindicado na gestação.Foram momentos muito tensos,pois ouvindo todo o procedimento comecei a sentir muito medo,passei a chorar compulsivamente.Uma instrumentadora de plantão foi uma espécie de anjo enviado por Deus, pois ao perceber minha tensão desviou minha atenção para outras conversas de assuntos mais variados, o que me distraiu e a cirurgia então passou rapidamente.   Após a cirurgia,um novo susto.Fui enviada no mesmo dia,à noite para realizar um Ultrassom e comecei a perder líquido abundantemente ,o que me amedrontou pois na segunda gestação o que denotou a perda do bebê foi rotura da bolsa após esse mesmo tipo de cirurgia.   No Ultrassom,o alívio...a bolsa íntegra e o líquido perdido não passava de Soro Fisiol

   E o repouso continua...Na consulta posterior recebo a indicação de realizar o procedimento que fecha o colo uterino até então dilatado,a cerclagem. Para a realização da cirurgia é necessário estar sem sangramento,isso me deixou tranquila pois já estava há 15 dias sem sangramento.A cirurgia foi marcada, porém ao chegar da consulta tive novo sangramento...tudo ia tão bem...   Bem,a cirurgia era estritamente necessária,mas com sangramento ela não aconteceria.Passei a me sentir num "beco sem saída".Parecia que meu barco estava à deriva quando recebi uma Palavra de um grande amigo que acalentou,lembrando-me que o nosso barco nunca está à deriva,mas o Mestre sempre o guia se deixarmos.   Até dois dias antes da cirurgia,eu não parava de sangrar.Do ponto de vista médico,não havia mais o que fazer pois já estava com dose máxima de hormônios e usando inibidores de contração uterina.Só me restava ter fé.E o sangramento parou subitamente no dia em que tinha que parar.Mas até o últi

    Após esse susto e essa surpresa,voltei para casa muito assustada ao mesmo tempo agradecida.Passei bem por apenas dois dias quando tive nova hemorragia intensa,dessa vez porém procurei outro hospital na Capital onde fui muito bem atendida,realizando outro Ultrassom.Novamente fiquei desconcertada com quase certeza de que não mais estava grávida.Na sala de espera do Ultrassom,ao ver muitas grávidas em final de gestação aguardando,tive um sentimento estranho de auto-comiseração achando que eu nunca teria uma barriga como aquelas.Eu no meu íntimo perguntava para Deus o porquê de eu não ter esse direito...   No exame,fui novamente surpreendida...lá estava a minha Rafaelinha pequenina e a placenta mais descolada ainda,"por um fio".Fui então internada e fiquei 3 dias tomando uma "bomba"de hormônios além de Noripurum(ferro)injetável. Recebi muitas visitas e não sabia mais o que falar para as pessoas...eu novamente no hospital!!!   Passei então ainda na internação a ter

  Fiquei perplexa!!!Sou da área médica e nunca tratei alguém desse jeito.Por mais que a colega estivesse de mau humor ou que não estivesse nem aí com o meu problema,que a minha dor não doesse nela,não consigo entender tal falta de respeito à situação de um paciente.Fiquei,porém sem reação.Não tinha forças para revidar e ainda que tivesse não revidaria,acho que as coisas ficariam piores.   Seria,em tese meu terceiro aborto e fui então para a sala de Ultrassom em cuja maca deitei com os olhos fechados pois preferi não olhar(novamente)um coração parado,um exame sem movimento.Foi quando o médico perguntou se eu não queria ver a imagem do coração do bebê  batendo.     Assustei,perguntando:"Como???"então olhei e lá estava o pequeno concepto...medindo poucos centímetros e um minúsculo coração batendo dentro de mim,além de um diagnóstico de  descolamento de placenta(fora o de colo uterino dilatado).Até então eu não havia derramado sequer uma lágrima.O meu sentimento era de pura apat

   A gravidez da Rafaela foi extremamente desejada e planejada e as coisas correram bem(exceto as dores que persistiram durante toda a gestação) até a sétima semana quando tive uma hemorragia intensa.Eu já estava em repouso desde o resultado do Beta HCG positivo,pois já tinha antecedentes que a determinavam como gestação de risco.   Fui levada às pressas a um Hospital da região que em meu conceito seria o melhor,porém recebi o pior tratamento que poderia receber.Sangrando demais e contando isso na recepção entrei pelo P.S.,mas demoraram muito para me atender e quando meu marido foi questionar o que estaria ocorrendo foi tratado rispidamente e descobrimos que haviam perdido minha ficha!!!   Após este inconveniente,entrei enfim à sala da G.O. de plantão que fez questão de ser mal educada(prefiro não citar nomes para não expor).Contei o meu histórico e a mesma ouviu com displiscência e ao me examinar,constatou que meu colo uterino estava dilatado e com muita naturalidade disse que eu es

     A minha gravidez da Rafaela ocorreu desde maio de 2008 até janeiro de 2009 e vivi emoções das mais variadas possíveis.     Escrevi um diário na época que até então não compartilhei com alguém,mas decidi colocar alguns trechos dos momentos de medo,de agonia e também de alegria que passei.     No dia 15/11/08 escrevi para a pequena intra-uterina uma"carta":          "Parece até que não é real.Parece ainda um sonho.Você foi planejada,profetizada,buscada sob joelhos dobrados por todos os que aguardam você.Criada e tecida por Deus em meu ventre.Herança bendita do Senhor.          Concebida e formada em meio a lutas,temores,lágrimas...desenganada até pela medicina,fruto de milagre.          Agora olho para a minha barriga, sinto os seus movimentos e cada um deles para mim é a expressão do amor de Deus.Muitas vezes me pego em êxtase,sentindo os seus chutes,suas cotoveladas entregando-me a este amor,com medo de me apaixonar mas não resistindo...         Sonho com se

      Vou começar contando brevemente um pouco da minha história.       Nasci em uma familia de classe média em Santo André,mas morei a maior parte de minha vida em São Bernardo com minha família;família muito especial na qual cheguei como sétima filha para encerrar a prole da mamãe de uma vez.Decidi fazer medicina aos 17 anos e com essa idade ingressei na faculdade.       Desde então apaixonei-me pela ciência médica e pelo ser humano.Formei-me em 1996 pela FMFUABC e em 1997 me casei.       Meu plano de ter filhos foi adiado às custas de estudos,trabalho,falta de tempo...e depois  mais adiado ainda por planos divinos.Vou explicar:minha primeira tentativa de ser mãe foi em 2003 quando engravidei e após 6 meses de uma gravidez muito tranquila e sem intercorrências fui internada com dores(eram contrações) e após 36 horas de internação recebi a notícia de que meu bebê não tinha mais vida.Sucederam os dias mais difíceis de toda minha vida.Correndo atrás de um diagnóstico,fui submetida a