MUSICALIZAÇÃO NA INFÂNCIA

                                  

  O envolvimento da criança com o universo sonoro começa antes do nascimento, pois na fase intra-uterina o bebê já convive com um ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e a própria voz materna que constitui material sonoro de especial referência afetiva para ele. Podemos dizer que o processo de musicalização do bebê e da criança começa espontaneamente, de forma intuitiva, por meio do contato com a variedade sonora do próprio cotidiano, incluindo aí a presença da música. Nesse sentido, as cantigas de ninar, as canções de roda e todo tipo de jogo musical têm grande importância, pois é por meio das interações que o bebê vai desenvolver um repertório que lhe permitirá comunicar-se com o mundo através dos sons. São nesses momentos de troca e comunicação sonora que o desenvolvimento afetivo e cognitivo é favorecido, bem como a criação de vínculos tanto com os adultos quanto com a música. A criança brincando faz música, transformando os sons através da exploração e construção de objetos sonoros e imitando motivos melódicos e rítmicos. Para um trabalho de musicalização, é importante acrescentar canções do cancioneiro infantil tradicional, da música popular brasileira, da música regional, de outros povos e assim como músicas instrumentais. É legítimo considerar o modo como as crianças se relacionam com os sons e silêncios, para que a construção do conhecimento ocorra em momentos significativos, que incluam criação, elaboração de hipóteses, questionamentos e experimentos. Aprender a escutar, com concentração e disponibilidade para tal, faz parte do processo de formação de seres humanos sensíveis e reflexivos, capazes de perceber, sentir, relacionar, pensar e comunicar-se. Mais do que ouvir (um processo puramente fisiológico), escutar implica em detalhar e tomar consciência do fato sonoro. A conquista de habilidades musicais no uso da voz, do corpo e dos instrumentos deve ser observada, acompanhada e estimulada, tendo-se em vista que deve ser integrada a um contexto em que o valor da música como forma de comunicação e representação do mundo se faça presente.

Texto escrito por minha irmã:

Regina Vertamatti  - Coordenadora e Pedagoga Musical